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sábado, 24 de maio de 2008

PERSÉPOLIS



O 10º CINESURPRESA
foi em domingo de Dia das Mães e, por isso, o número de participantes foi menor. Estávamos em 11 pessoas: Alexandre Rosa (pela 1ª vez), Daniel Ravanelli, Déborah Okida, Eduardo Ricci, Flávia Person (que conheceu o grupo na saída e se juntou para dar sua opinião), Madeleine Alves, Priscila Rodrigues, Ricardo Prado, Ricardo Reis, Wellington Carbone e eu Márcia Okida. E desculpem desta vez a volta de fotos do pessoal... por uma fala ninguém levou câmera. No slide show ao lado você vê cenas do filme de das ruínas de Persépolis

O filme mais votado foi Persépolis e que, merecidamente, conseguiu desbancar os filmes que permaneciam em 1º lugar no nosso ranking surpresa. Com uma média de nota de 9,6 Persépolis passa para o 1º lugar do nosso ranking (veja ao lado).


Persépolis é uma perfeita transformação em filme, animação, da história em quadrinhos autobiográfica de Marjorie Satrapi que conta a história de uma garotinha iraniana, ela mesma, de 9 anos que cresce durante a Revolução Islâmica. O filme rendeu grandes papos e, pela primeira vez, no dia seguinte ao filme eu já havia recebido de vários participantes contribuições de textos de sites falando sobre ele ou temas relacionados, tamanha foi a empolgação e interesse pelo filme.
Uma das perguntas que fez com que saíssemos de nosso bate-papo sem a resposta foi sobre o nome do filme: Persépolis. O que seria esse nome? Por que Persépolis?


Na hora as possibilidades foram muitas, mas ninguém sabia com certeza o que seria ou o que representava a palavra Persépolis. Então vamos começar por aqui, mas antes, vamos ver algumas opiniões sobre o filme:

Das 11 pessoas que estavam em nosso encontro todas gostaram e todas veriam novamente, uma unanimidade pela primeira vez em nossos encontros.

• O melhor no filme:

Alexandre: quando Marjane expõe suas idéias sem medo do que pode vir a acontecer
Daniel: sátira da vida
Deborah: a avó
Eduardo: a construção da identidade de Marjani
Madeleine: direção de arte, uso de efeitos teatrais em determinadas partes e a narrativa em si.
Priscila: a maneira leve que eles retratam um assunto tão intenso e pesado
Ricardo Prado: o bom humor do filme em um assunto pouco simpático a comédias
Ricardo Reis: a integridade e os lírios no seio


• O pior no filme (se é que houve):

Alexandre: os policiais que fazem o controle das pessoas muito de perto.
Daniel: nada
Eduardo: o regime político do Irã
Madeleine, Ricardo Prado: fade-outs em demasia
Carbone, Deborah, Madeleine, Priscila, Ricardo Reis: as legendas quase invisíveis.

Eu fico com o Daniel, nada de ruim. Apesar das legendas serem terríveis, mas o filme é tão bom que depois de um tempo nem reparei mais na dificuldade em lê-las.

Quanto ao melhor, nossa, teria muito a dizer:

a adaptação perfeita dos quadrinhos para o filme. Aqui ao lado, vocês podem ver algumas imagens dos quadrinhos e se procurarem aqui pela internet também podem achar mais e perceber a quase exatidão nessa transformação de linguagem.
Também poderia falar sobre a leveza, que é ao mesmo tempo densa e dramática, com que os assuntos mais pesados e sofridos são tratados. Leveza essa trazida, com certeza, pela comicidade que por muitas vezes aparece no filme.
O riso é tão fácil e natural neste filme como também é natural a indignação pelo modo absurdo que é mostrado o regime político e social no Irã, talvez por isso esse filme tenha sido banido do Irã (para ver como as coisas não mudam tanto).
E também fico com o Ricardo Reis: os lírios nos seios são ótimos e eles, os lírios e o aroma por eles exalam, ligam o início e o fim do filme em uma bela abertura e encerramento.
Também poderia falar da direção de arte, mas disso vou falar logo abaixo

Mas voltando ao nome. Persépolis. Por que Persépolis?

Persépolis se localizava no atual Irã, foi a capital religiosa dos Aqueménidas — Império Aquemênida, que na Antigüidade (522 a.C.) dominou a região do Oriente Médio — e era a antiga capital do Império Persa.
Em 1931, foram encontradas ruínas de um enorme palácio. Depois desta descoberta Persépolis passou a ser um importante sítio arqueológico do Império Persa. Nestas escavações perceberam-se a avançada arquitetura da época e também foram encontradas uma variedade enorme de cerâmicas, estatuas e diversos artefatos além das grandiosas ruínas.

Persépolis foi destruída e saqueada por Alexandre, O Grande por volta de 300/330 a.C. Lá encotrou o enorme e magnífico Palácio de Xerxes — aquele que derrotou Leônidas — um pouco desta história e da beleza do Império Persa pode ser visto no filme 300.
Hoje Persépolis é Patrimônio da Humanidade da UNESCO, instituído desde 1979. Tem muita coisa nesta história que justifica a escolha do nome.

E muito desta história e da beleza da arte persa pode ser vista no filme através da belíssima direção de arte.
Percebemos claramente a preocupação com os detalhes, nos panos de fundo, nos desenhos das árvores, nas casas, na decoração de prédios, na arquitetura etc. Agora, depois de conhecer a cidade de Persépolis, a arte persa aparece clara em praticamente todos os quadros, cenas, do filme. Além também da influência da arte expressionista européia — Marjani termina vivendo em Paris — que eu achava que eram coisas da minha cabeça ver relação com Klimt, Munch, van Gogh, o fauvismo de Matisse, e também com o cinema expressionista. Mas não, não eram coisas da minha cabeça. Na imagem abaixo podemos perceber detalhes da arte e arquitetura Persa e que podem ser vistos no filme.


Marjani fala disso, e muito mais, em uma entrevista, em inglês, que deu ao New York Times e, fala também, das influências do cinema expressionista de Fritz Lang — mais precisamente do filme Metrópolis. Em alguns momentos parece que estamos em cenas ao estilo de O Gabinete do Dr. Caligari. Marjani também se inspirou em Bergmam, Scorsece e no filme The Night Of The Hunter (O Mensageiro Do Diabo). Nesta entrevista você também poderá ver alguns storyboards e desenhos de produção do filme.




Bem perguntamos sempre se os participantes se identificaram com algum personagem, vamos as respostas:

Alexandre: Marjani, pela luta interna pela liberdade
Daniel: com a Marjani
Deborah: um pouco com a Marjani, pela busca pela identidade e sentido da vida
Eduardo: com Marjani, por sua busca em prol de si mesma.
Madeleine: com a Marjani, pela busca da identidade em um ambiente caótico
Priscila: em alguns momentos com a Marjani, por gostar de conhecer tudo a sua volta, ser curiosa e determinada
Ricardo Prado: com a Avó da Marjani, que age como a consciência dela ao longo do filme.
Ricardo Reis: com a Marjani
Carbone: com o Pai de Marjani, pela devoção à família e a certa iconoclastia no que dizia a certos costumes



• Sobre a pergunta sobre que cor daria ao filme,
não tivemos uma grande maioria, duas pessoas falaram vermelho, duas branco e as outras citaram cores diferenciadas. Vale lembrar que é uma animação em PB com pitadas de cenas coloridas.

• Uma cena do filme:

Alexandre: a família reunida quando Marjani volta para casa após passar necessidades em Viena
Daniel: o Deus idealizado pela menina
Deborah: a avó e a menina na última noite antes dela partir
Eduardo: a conversa entre Marjani, Deus e Marx.
Madeleine: análise de Marjani com o psicanalista (e a “atenção” deste ao caso dela)
Priscila: a relação com a avó - cena das flores
Ricardo Prado: a dupla representação do namorado: galã em um instante e monstro no outro
Ricardo Reis: a cena da depressão
Carbone: a cena onde o pai da menina depois de terem jogado seu vinho fora

Para mim são tantas as cenas do filme que merecem ser mencionadas mas, como peço para todos uma, também falo de uma: a cena do último encontro de Marjani e sua avó. Pela ligação entre as duas e pela relação desta cena com início e fim do filme, principalmente pelos “lírios no seio” que passeiam, aparecem, em vários momentos do filme — e tem a cara da arte persa que citei acima. Também é a personagem com quem me identifico, a avó, e essa identificação ficou clara na cena em que elas conversam sobre o medo de Marjani do divórcio e sua avó fala que na época dela ela já havia se divorciado em tempos onde os preconceitos eram bem maiores, mostrando não apenas que estava a frente de seu tempo, mas mostra não acreditar em rótulos, não temer preconceitos e por acreditar na busca pela felicidade e por tudo que ache certo, justo.



E vamos terminando com uma frase sobre o filme:

Alexandre: toda liberdade de expressão tem seu preço e suas reações
Daniel: todos os seres humanos são iguais, tem os mesmos desejos e sonhos
Deborah e Eduardo: seja fiel a você mesmo
Flávia: Criativo e inteligente
Madeleine: estamos sempre buscando lá fora e cá dentro e a fronteira ainda é o melhor lugar!
Priscila: liberdade sempre!
Ricardo Prado: Nunca renegue sua identidade
Ricardo Reis: Feliz é aquele que não tem nada a temer
Carbone: visão singela da vida em meio a um contexto de guerra traz à tona a vontade da vida ser bela

A minha: Nunca esqueça quem é, de onde veio, seja digno e fiel a seus princípios e seus sonhos sempre

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2 comentários:

ALEXANDRE - ALAN - PABLO - VICTOR disse...

muito boa a postagem sobre o filme , é tudo isso mesmo um filme muito interessante e inteligente vale a pena assistir tanto quem nao assistiu como quem ja assistiu para assistir de novo . e ah , gente, é culturalmente enriquecedor participar do cine surpresa, quem ainda nao foi vá e quem ja foi mais nao esta indo vá tambem sérá muito bom para o crescimento cultural.abraços a todos alex

Madeleine Alves disse...

Com certeza, Persépolis merece o topo de nosso Ranking Surpresa - e a postagem de Márcia não deixa dúvidas disso.

Ao saber que Persépolis estava em votação, pensei que nosso histórico de Cinesurpresas precisava de uma animação e pelo visto não me enganei - pelo contrário: acabamos encontrando um filme que consegue agradar a todos por concatenar em si suavidade e protesto.

Parabéns a Persépolis , parabéns às variadas leituras, parabéns ao post e a iniciativa do Cinesurpresa.

CERTAMENTE NOS VEMOS NO PRÓXIMO!