Chegamos no quinto mês do CINESURPRESA, desta vez foi no Espaço Unibanco e o nosso grupo era formado por: Cibele Oliveira, Eddie Santana, Eduardo Ricci, Fabio Machado, Letícia Cheneme, Luiz Nascimento, eu - Márcia Okida e Priscila Rodrigues. Filme da noite: Piaf - Um Hino ao Amor. A média de nota do grupo: 8,6 o que coloca Piaf em segundo lugar no nosso ranking surpresa. Todos gostaram do filme mas somente a Priscila, o Fabio e Eduardo o veriam novamente. O lado negativo sob o olhar do grupo - Cibele, Luiz e Priscila falaram que não viram nada de negativo • O Eduardo falou que foi a morte dela • Já o Eddie não gostou das indas e vindas do roteiro • a Letícia achou que tinha muitos fatos inexplicados • e para o Fabio poderia ser mais curto e explicar melhor algumas coisas sobre a biografia da Piaf. O positivo - Cibele: A interpretação da atriz que fez Piaf e as músicas (todas) • Eddie: A música • Eduardo: A interpretação da última música • Fabio: Músicas e contexto em que elas aperecem no filme — especialmente as de abetura e encerramento, cenas-chave como a notícia da morte de Marcel e a entrevista, a narrativa do filme misturando vários momentos cronológicos • Letícia: A emoção do começo ao fim • Luiz: As músicas • Priscila: Músicas, atuação da atriz que interpreta Piaf, cena final da entrevista com a música
E para vocês que ainda vão ver o filme o que cada um tem a dizer sobre Piaf:
“Ame sempre” (Priscila) • “Fantástico, maravilhoso, profundamente triste” (Luiz Nascimento) • “Ame. Ame. Ame.” (Letícia) • “Um retrato fiel de uma artista, da tristeza à transcendência” (Fabio) • “Ame tudo o que ama fazer — faça o melhor sempre” (Eduardo Ricci) • “É triste” (Eddie) • “Ame! Cuide de si mesma. Reflita suas atitudes.” (Cibele)
E como sempre, minhas palavras vem no fim, deixando claro que é minha, portanto, não reflete a opinião do grupo. Novamente convido: quem quiser falar sobre o filme é so enviar um mail para a gente que colocamos seu texto aqui.
Começo dizendo que vejo Piaf - Um Hino ao Amor mais como uma grande história do que como um grande filme. E é o que normalmente acontece com muitos filme biográficos nos envolvemos mais com a vida do personagem suas histórias do que com o filme.
É lindo, fascinante, emocionante... triste e acho que é por isso que as pessoas se apaixonam pelo filme, porque ele passa o que Piaf sentia muito bem: a paixão pelo que fazia, pela música e isso envolve, encanta, sentimentaliza demais os espectadores fazendo com que se envolvam nesse clima, na história, e não no filme em si. Não o vendo como uma produção cinematográfica, o que não deixa de ser um grande ponto positivo para a direção que conseguiu atingir emocionalmente as pessoas.
É muito bem produzido, filmado, bem feito, a direção de arte é impecável, a maquiagem que transformou completamente a atriz Marion Cotillard (de Um Bom Ano, Peixe Grande) que interpreta Piaf dos 17 aos 47 anos, e fica quase irreconhecível principalmente no final da vida (veja nas fotos no nosso slide show) é merecedora de prêmio.
Tem sequências maravilhosas, cortes precisos, e a maneira que filmam suas apresentações, diga-se de passagem que são quase sempre do mesmo modo, ainda assim são perfeitas. Possuem o clima de uma grande missa e por isso sentimos a emoção junto com ela na hora em que a cortina do palco sobre. Essa idéia de “missa musical” se deve pela força da religiosidade que existe nela, e isso transparece no filme, mais uma vez tocando as pessoas. Desde criança Edith tem sua Santa Tereza e nunca deixa de cantar sem a sua cruz no pescoço. Momentos que tocam o sentimento de todos.
E tudo toca o coração em Piaf. Todos choram, ou quase todos. Da nossa turma poucos choraram, somente Priscila, Eduardo e Cibele. Eu achei o filme, como já disse, uma história emocionantes, forte, muito triste, mas não para chorar. Mas a grande maioria chora, chora muito.
Piaf deixa muitos buracos, muita coisa sem explicação, talvez até por isso não tenha chorado, fico buscando essas faltas. O roteiro que vai e volta no tempo diversas vezes dificulta o entendimento de alguns, eu particularmente, adoro esse tipo de recurso no roteiro. Fui buscar muitas respostas depois do filme, momentos, fatos de sua vida que poderiam ter sido mais explicados. Algumas pessoas ficaram com a sensação de que poderiam não ser verdades, e sim, alucinações do final de sua vida. E o filme é comprido... comprido demais para em mais de 2 horas de história ainda deixar buracos no roteiro. Como um fato importante: aos 17 anos se apaixona por Louis Dupont com quem tem uma filha, Marcelle. Louis arranja uma casa para eles morarem mas Piaf decide abandonar ele a a filha e viver com Simone, sua amiga. A menina morre com 2 anos de meningite. Esta passagem de sua vida nem é mostrada. O espectador apenas vê uma lembrança de Piaf no leito de morte que mostra alguns momentos antes da morte da menina. Fica no ar se ela teve mesmo ou não uma filha, se é uma alucinação, um desejo, deixa a impressão de que se teve mesmo um filha, não ligava para a menina ou coisas assim. O que não é verdade.
O filme também não mostra o seu último pedido no leito de morte, que considero importante para a história: o fato dela ter pedido que fosse enterrada em Paris, no mesmo túmulo de seu pai e de sua filha tão amada. Isso mostra como a relação entre pai e filha era forte.
O roteiro também decide por não mostrar o lado mais público, cheio de glamour, de pessoas, fãs e amizades famosas que a rodeavam. Mostram apenas, e muito rapidamente, o encontro entre Piaf e Marlene Dietrich. Esse momento do filme veio a me reforçar imagens anteriores que me faziam achar que Piaf havia tido também suas aventuras homossexuais. Depois de muitas pesquisas eles realmente existiram e alguns deles foram com Marlene Dietrich e Josephine Baker. (veja foto real de um beijo entre ela e Marlene no slide show). Acho um detalhe importante que poderia ter sido tocado mais diretamente, assim entederíamos mais o forte relacionamente que tinha com a amiga Simone Berteaut, apelidada Momone, por quem largou a filha, e a crise de ciúmes que essa amiga teve em uma das festas de Piaf. Para mim esse relacionamento era claro desde o início do filme.
O filme poderia ter falado mais sobre a morte de Louis Leplée, que tornou-se seu amigo após iniciá-la na carreira musical. Ele foi assassinado, ela perseguida voltando às ruas, e nada é esclarecido no filme do motivo de sua morte. Depois de pesquisas: Lepelée era homossexual e o crime havia sido passional.
Quis perguntar para o pessoal qual foi a cena mais marcante para cada um. Para Letícia, Priscila e Eddie foi a cena da morte de Marcel (veja foto real dele e dos dois juntos no slide show). Para o Eduardo foi a cena da aranha. Para o Fabio foi a entrevista no final e para a Cibele a sequencia final.
Seqüencia final de Piaf
Fiz isso porque o filme tem vários momentos para se guardar na memória para sempre. Fui uma das que disse que não veria Piaf novamente, mas gostaria de rever algumas cenas: quando ela acorda no quarto da casa da avó e observa tudo que tem a sua volta, o quarto quase sem luz, teias, pó, na janela e uma aranha andando • o momento em que, quando criança, volta a enxergar • quando observa uma boneca japonesa em uma vitrine • a primera vez que enfrenta uma platéia (mesmo que pequena - foto abaixo) • a primeira vez em que canta no Music Hall depois de sofrer muito com aulas de como se portar, interpretar e principalmente lidar com as mãos • a luta de boxe • a sequência toda do final com a belíssima interpretação de “Non, Je Ne Regrette Rien” (veja no video acima) • e a minha favorita: a entrevista na praia.
Transcrevo no post abaixo algumas das 43 perguntas feitas nessa entrevista dada em fevereiro de 1960 publicada na edição de nº 59 do Music-Hall. Selecionei 24, quem tiver curiosidade de ver toda a entrevista é só me pedir ok! No filme a entrevista, logicamente, é bem mais curta, usa as perguntas mais chaves para, novamente, tocar o espectador. E consegue! A cena é linda, é quase um poema. No filme a primeira pergunta é qual a sua cor preferida, que na realidade foi a 12ª. Uma edição perfeita para emocionar e fazer chorar, terminando com o seu lema: Amar!
Édith Piaf nasceu em Paris no dia 19 de dezembro de 1915 e faleceu em Grasse no dia 10 de outubro de 1963 com 47 anos.
Um dos grandes méritos deste filme é levar ao conhecimento de todos a vida desta grande artista. Alguns no nosso grupo não a conheciam. A maioria conhecia muito pouco. E poucos conheciam mais que 3 ou 4 músicas. E mesmo para quem já a conhecia, como eu, o filme da vontade de buscar mais, principalmente pelos buracos do roteiro. Termino este texto com algumas coisas desta minha busca, entre elas uma interpretação da música “Non, Je Ne Regrette Rien” por Cássia Eller — muitos interpretaram Piaf, muitas pessoas conhecem suas músicas através de outros interprétes por isso achei interessante mostrar Cassia Eller — você também pode ver o video com Piaf cantando esta música que considerou como a música de que conta a sua vida.
Já tinha achado a interpretação de Marion Cotillard perfeita como Piaf, e depois de buscar fotos (você pode ver no slide show) e videos dela acho que esta atriz é merecedora mesmo de um Oscar de melhor atriz... compare e vocês verão o quanto ela realmente incorporou Edith Piaf em tudo. Bem é isso, é melhor eu parar porque já escrevi muito... vejam e ouçam Piaf seus ouvidos, seu cérebro e principalmente sua alma vão agradecer. Para vocês, para quem não entende francês a tradução da música “Non, Je Ne Regrette Rien” que considerou como a música de sua vida.
Cassia Eller interpreta “Non, Je Ne Regrette Rien”
“Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Nem o bem que me fizeram,
Nem o mal, tudo me parece igual
Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Está pago, varrido, esquecido
Eu estou farta do passado
Com minhas lembranças,
Eu alimentei o fogo
Minhas aflições, meus prazeres
Eu não preciso mais deles
Varri meus amores
Junto a seus aborrecimentos
Varri por todo dia
Eu volto ao zero
Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Nem o bem que me fizeram,
Nem o mal, tudo me parece igual
Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Minha vida, Minhas jóias
Hoje
Começa com você”
Entrevista feita com Piaf (não é a que aparece no filme) está em francês mas vale pelas imagens dela e por ter, lá no final, a apresentação dela no Olympia, que é a sequencia final do filme apresentada em video mais acima, conparando as duas vemos como a atriz que interpreta Piaf neste mesmo momento (video mais acima) foi realmente perfeita.
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